A Associação Ambitejo do Rosmaninhal leva portanto a efeito mais uma matança do porco por forma a levar o convívio e a união particularmente aos sócios mas também abrindo o evento a todos os Rosmaninhenses e a todos os que nos quiserem visitar neste dia.
MATANÇA DO PORCO TRADICIONAL DO ROSMANINHAL
(Idanha-a-Nova)
A matança do porco é uma festa familiar e reforça a
despensa para o próximo ano.
Depois de trazido o porco da furda que como já
referimos ficava normalmente fora da povoação, para junto de casa. O porco era
agarrado com garra por quatro ou cinco homens que o deitavam em cima da banca
de madeira. Depois de bem seguro, o matador ata-lhe o focinho, não vá ele
morder e espeta-lhe a faca.
Normalmente uma mulher com um alguidar de barro apanha
o sangue onde mistura um pouco de sal e vai mexendo-o com a mão para não
coagular.
Seguidamente a mulher coze-lhe o golpe feito pela faca
do matador e começa-se a chamuscar o porco com chamuscas de giestas secas e
mais recentemente com maçaricos a gás muito mais eficientes.
Depois de bem chamuscado, esfrega-se e lava-se bem
lavado e dependura-se com a ajuda de uma corda e do chambaril na parede
exterior na casa ou no sobrado do sótão para se poder abrir e retirar as
tripas.
Nesta operação é preciso muito cuidado para que se não
rebente o fel, que iria causar mau sabor nas carnes.
Depois desta operação as mulheres partem para o
ribeiro mais próximo para lavarem as tripas com água, sal e laranjas, que
posteriormente vão servir para fazer os chouriços, farinheiras, morcelas, etc.
Os homens pesam o porco com auxílio de uma “Romana” e
seguidamente continuam a desmanchar e separar as carnes que as mulheres irão
mais tarde utilizar para os diferentes tipos de enchido ou pratos que irão ser
confeccionados.
Os toucinhos e presuntos vão para a salgadeira onde
serão conservados durante o ano.
Se for lua nova não se mexe em carnes. É costume os
homens retirarem o “queixo” do porco para ser confeccionado como petisco. Este
é primeiramente levado ao lume para que a carne possa ser retirada mais
facilmente dos ossos e depois de cortado em pedaços pequenos é refogada com
molho abundante e bem picante.
No almoço, participam todos aqueles que ajudaram na
matança e familiares. É constituído por arroz de febras, batatas cozidas com
fígado e lamburdo.
Ao jantar são servidas migas com couves e ossos, massa
de farinheira e prova de chouriço.
É ainda costume levar o jantar aos familiares daqueles
que ajudaram na matança ou a algum amigo que por ventura não participou nas
refeições.
Enchidos:
Os chouriços e os painhos são confeccionados com as
melhores carnes do porco, embora no Rosmaninhal se misture alguma gordura para
que as carnes não fiquem tão secas, temperadas de um dia para o outro, dentro
de maceiras, com alho (abundante), água, sal e colorau. Os chouriços são
enchidos em tripa de vaca e os painhos na tripa do próprio porco.
As tripas são enchidas com a ajuda de enchideiras e
picadas para que o ar saia - à excepção das farinheiras que não se podem picar
- e atadas nas extremidades com fio de algodão a que se dá o nome de tramas.
A bexiga é confeccionada com ossos bem cortados,
pedaços do rabo, orelha, língua e toucinho da barriga, sendo temperada como os
chouriços.
Os bufeiros são enchidos em tripa de vaca e são
confeccionados com bofe, bucho, nervos, sal, colorau, água e alho.
As morcelas são enchidas em tripa do próprio porco e
logo de seguidas escaldadas em água a ferver. São confeccionadas com carnes
ensanguentadas, sangue, água, sal, alho, vinho e laranja.
As farinheiras (farinheiras) são enchidas em tripa de
vaca e são confeccionadas com gorduras cozinhadas e cruas, farinha de trigo,
sal, água, louro e pimento.